Lobisomem
Mitologia

Lobisomem


۞ ADM Berserker



O Lobisomem, ou licantropo (homem-lobo em grego), é um homem que, segundo a lenda, pode se transformar em lobo nas noites de lua cheia, só voltando à forma humana com o nascer do sol. Peeira e Lobanil são nomes dados à versão feminina dos Licantropos. Apesar dos lobisomens terem origens europeias, lendas de criaturas semelhantes podem ser encontradas em vários lugares do mundo.

Origens:

A principal origem da lenda dos Lobisomens está na mitologia grega. Uma das personagens mais famosas foi o pugilista Damarco de Parrásia, herói olímpico que assumiu a forma de lobo durante nove anos após um sacrifício feito a Júpiter Liceu. Outro personagem famoso foi o Rei Licaão, que foi transformado por Zeus em um lobo como punição pelo fato de gostar de comer carne humana.

No entanto, alguns estudiosos afirmam que a origem real das lendas do lobisomem esteja na Ircàna, região da antiga Pérsia. A principal evidência é o fato de muitos nomes de tribos indo-europeias, bem como sobrenomes modernos (Lopes, por exemplo) significarem lobo ou mesmo homem-lobo.

As lendas dos licantropos parecem estar ligadas aos constantes ataques de lobos na Europa e América do Norte. Como são predadores temidos, os lobos logo entraram no folclore desses povos. Há criaturas semelhantes em diversas partes do mundo: homens-hienas (África), homens-tigres (Índia), homens-pumas e homens-jaguar (Américas Central e do Sul).

Antigamente, as lendas dos lobisomens eram usadas para explicar um distúrbio psicológico real: a licantropia clínica; doença em que as pessoas agem como animais. Também foi usada para explicar casos de matanças de violência extrema, mutilação e canibalismo.

Tradições ao redor do mundo

As lendas sobre os lobisomens variam de acordo com as tradições e a cultura dos países onde são contadas:
  • Na Rússia, se diz que o menino nascido no dia 24 de dezembro será um lobisomem. 
  • O escritor sueco Olaus Magnus afirma que na Livonia, as pessoas se tornam lobisomens após beberem um tipo especial de cerveja duas vezes. 
  • No Brasil, se diz que o lobisomem é a oitava criança em uma sequência de filhos do mesmo sexo, ou o menino nascido após uma sucessão de sete mulheres. Também se diz que o lobisomem se transforma à meia noite de sexta-feira, em uma encruzilhada. Depois de transformado, sai à noite procurando sangue, matando ferozmente tudo que se move. Antes do amanhecer, ele procura a mesma encruzilhada para voltar a ser homem. Em algumas localidades diz-se que eles têm preferência por bebês não batizados. Já em outras se diz que ele come fezes e não carne.
  • Em Portugal, acredita-se que o lobisomem coma os restos de animais mortos. Ele também é o sétimo filho da família e só não se tornará lobo se for batizado com o nome de Bento. 
  • Em outros países europeus, acreditava-se que os licantropos se alimentam de cadáveres humanos, escavando tumbas de cemitério. 
  • Na Fennoscandia, os licantropos eram na verdade bruxas, que tinham grandes garras e a habilidade de paralisar animais domésticos e crianças com seu olhar. 
  • Os sérvios acreditavam na existência dos vulkodlaks: lobisomens que tiravam suas peles de lobo no inverno. Se alguém queimasse a pele do lobo, ele se livrava da maldição.


Os cassubianos e os eslovenos acreditavam que a criança que nascesse com muito cabelo, marcas de nascença ou com um calo na cabeça, tinha a habilidade de se transformar em lobo. Já os armênios, acreditavam que as mulheres que cometessem pecados mortais, eram condenadas a viver sete anos em forma de lobas. Nesse período, elas devoravam seus próprios filhos e os de seus parentes e amigos.

A tribo Navajo, da América do Norte, acreditava na existência de feiticeiras vestidas com peles de lobo e conhecidas como Mai-cob. Os Naskapi, por sua vez, acreditava que os caribus eram protegidos por lobos gigantes que matavam caçadores imprudentes. No México, por sua vez, havia a crença no mahual, o homem-lobo que costuma roubar queijo e estuprar mulheres. Já no Haiti, há as lendas dos jé-rouges, lobisomens que entravam nas casas de mães de famílias e as acordavam, pedindo permissão para roubar-lhe os filhos. Como as mulheres estavam sonolentas e desorientadas, a resposta poderia ser sim ou não.

A forma mais conhecida de transmissão e contagio da licantropia é ser mordido por um lobisomem, apesar de ser uma forma famosa, ela é muito rara nas lendas, tendo sido popularizada pelos livros e filmes de horror. Segundo algumas tradições europeias, é possível se transformar em lobisomem: dormindo em uma noite de verão fora de casa em uma quarta ou sexta-feira com a lua cheia brilhando diretamente para sua face; tirando as roupas e colocando um cinto feito de pele de lobo; bebendo água de uma pegada de lobo ou lobisomem; fazendo uma aliança com Satã.

Ainda no campo cristão, a licantropia pode ser uma punição dada por Deus ou algum anjo a uma pessoa pecadora, ou ainda, pode ser resultado de excomunhão. No entanto, em 1690 um homem chamado Thiess, afirmava que os lobisomens são, na verdade, os soldados de Deus na luta contra bruxas e demônios, ele mesmo afirmava ser um lobisomem que precisava viajar ate o inferno ao menos três vezes ao ano para combater seres demoníacos.

A maioria das lendas de lobisomens relata a transformação de homem pra lobo como sendo um processo doloroso, precedido de muita inquietude e ansiedade. O lupino passa por uma série de convulsões e contrações, enquanto as características de lobo vão se desenvolvendo. Quando se transformam, os licantropos se parecem com grandes lobos, antropomorfizados ou não. Quando a transformação termina, os licantropos ficam cansados e muito debilitados.

Acredita-se que após a se tornar um mostro ao menos uma vez, certas características podem permanecer mesmo na sua forma humana. Os licantropos em forma humana, supostamente podem possuir sobrancelhas unidas, unhas curvadas, orelhas pontudas e um andar oscilante. Os russos acreditam que há cerdas debaixo de sua língua, e os brasileiros afirmam que eles são magros e pálidos. Psicologicamente, os lobisomens em forma humana costumam ser retratados como indivíduos muito melancólicos, depressivos e paranoicos. Em parte, devido ao fato de lembrarem vagamente de seus crimes e terem medo de serem descobertos.


Poderes:
  • Lobisomens são conhecidos por possuírem força e agilidade extremas, sendo mais fortes e rápidos que qualquer animal selvagem;
  • Sua visão é semelhante à dos humanos, no entanto, seus demais sentidos são ainda mais aguçados que dos lobos;
  • Possuem invulnerabilidade a quase todas as formas de danos e um poder de regeneração muito acelerado, o que faz deles criaturas quase totalmente imortais;
  • Os lobisomens também têm a capacidade de se acasalar, podendo haver relações tanto com humanos, como com lobos e com outros lobisomens. Todas as relações gerarão proles com licantropia.
Fraquezas:
  • Acredita-se que os lobisomens só podem ser eficientemente feridos com fogo, prata, acônito (um tipo de planta toxica, segundo a lenda, ela teria nascido da baba de Cérebros) ou por outros lobisomens. No entanto, somente a decaptação ou a destruição do coração podem mata-los;
  • Em alguns países acredita-se que os lobisomens têm outras fraquezas como centeio e cinzas de montanhas, estes elementos não os fazem mal, porem atrapalhariam seu faro.
Também há maneiras de se derrotar um lobisomem sem matar sua forma humana:
  • longos períodos de atividade física (segundo os antigos gregos);
  • exorcismos no intuito de se livrar do espirito selvagem do lobo;
  • alguns tipos de remédios medievais;
  • sangrar o monstro na testa (lenda siciliana);
  • pregar as mãos do monstro com pregos de ferro (atualmente, se afirma que lobisomens mais fracos perdem o poder temporariamente quando têm a mão ferida);
  • enviar três cartas com o seu nome como destinatário (lenda alemã da região de Schleswig-Holstein);
  • conversão ao Cristianismo (no caso de pessoas que nascem com a maldição).
Licantropos e a mídia:


As primeiras obras sobre licantropos foram escritas na Idade Média. Uma das primeiras foi o romance Bisclavret, de Marie de França, que mostra um lobisomem bonzinho, vítima de magia negra e que ajuda cavaleiros errantes. Mas a maioria das obras mostra os licantropos de outra maneira: demoníacos, servos de satã, inimigos da raça humana e sedentos por carne.

Nas versões mais antigas do conto de fadas de Chapeuzinho Vermelho, o lobisomem representa a figura simbólica do homem que tira a virgindade da garota. No século XIX, as histórias de horror gótico trazem de volta os licantropos do folclore: um homem amaldiçoado, que se transforma em lobisomem nas noites de lua cheia. Uma história que traz, implicitamente, referências aos licantropos é O Médico e o Monstro. Que mostra o caso de um médico que se transforma em monstro contra a sua vontade.



No século XX, houve uma explosão de livros de lobisomens nos Estados Unidos e na Inglaterra. Foi nessa época que foi escrito The Werewolf of Paris (1933) por Guy Endore, considerado o Drácula dos livros de lobisomem.

Mais recentemente, os licantropos passaram a ser mostrados como defensores da natureza. Um exemplo clássico é o RPG Lobisomem: O Apocalipse, da editora White Wolf.

O primeiro filme de lobisomem foi Werewolf of London, de 1935, e estabeleceu que o lobisomem sempre mate aqueles que ele mais ama. Não há referências à prata ou a atos de canibalismo neste filme. No entanto, o lobisomem que entrou na imaginação das pessoas foi Talbot, personagem central do filme The Wolf Man, de 1941, muito mais cativante do que seu antecessor, e que introduziu uma das características mais famosas dos licantropos: o fato de ser imune a tudo, menos à prata.

Com o passar dos tempos, os licantropos passam a ter a imagem de criaturas assassinas, que matam e comem pessoas compulsivamente e perdem toda a moral que tinham quando eram humanos.

Em tempos modernos, os licantropos passaram a ser vistos como uma raça a parte dos seres humanos, servindo como predadores ou competidores dos humanos. A licantropia também passou a ser vista como uma doença causada por vírus em algumas obras.

Recentemente, começou a surgir à figura do lobisomem heroico, que luta contra outros monstros e humanos malignos.

Curiosidades:
  • No interior do estado de São Paulo, divisa com Minas Gerais, esta localizada a cidade de Joanópolis, capital mundial do Lobisomem, com o maior numero de avistamentos da fera registrados em uma só cidade ate hoje;
  • Devido à crença de que o sétimo filho será um lobisomem, no norte da Argentina é costume os pais abandonarem, matarem ou cederem para adoção seus sétimos filhos. Em 1920, uma lei decretou que o presidente da Argentina é o pai (ou a mãe, no caso da Cristina Kirchner) de todo sétimo filho que nascer. Consequentemente, o Estado dá uma medalha de ouro no batismo da criança e custeia seus estudos até ele completar 21 anos;
  • Haroldo I da Noruega, fundador e o primeiro rei da Noruega, ficou conhecido por ter sido um Úlfhednar (couro de lobo). Os Úlfhednars eram guerreiros semelhantes aos Berserkers, mudando o fato deles se vestirem em peles de lobo ou urso, pois tinham a crença de os espíritos desses animais podiam ser incorporados dessa forma, e com isso, tornavam-se mais eficientes em combate. Ambos os tipos de guerreiros eram resistentes à dor e matavam impiedosamente em batalha, lutando como animais selvagens. Tais características, somadas ao costume de esconder os corpos de seus aliados derrotados acabaram contribuindo para a disseminação da lenda dos lobisomens.





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