Conta-se que Morrigan foi atraída pelas façanhas do herói celta Cú Chulainn. Certa vez, Cú Chulainn foi acordado por um forte grito vindo do Norte (que na lenda celta, é o Reino da Justiça e Morte). Ordenou, então, ao seu cocheiro que ele preparasse a carruagem para que fossem atrás da origem do estranho grito.
Durante a viagem pelo Norte, encontraram uma mulher vinda em direção a eles: ela usava um longo vestido e manto vermelho, tinha cabelos ruivos e carregava uma lança longa e cinza. Saudando-a, Cú Chulainn perguntou quem era ela. A mulher respondeu-lhe que era filha de um rei chamado Buan (o Eterno), e que tinha caído de amor por ele depois de ouvir sobre seus feitos.
Cú Chulainn não reconheceu que a mulher era uma encarnação da deusa Morrigan, e bruscamente respondeu-lhe que tinha coisas melhores a fazer, do que preocupar-se com o amor de uma mulher. Morrigan disse-lhe que ela havia ajudado em seus combates, e que iria continuar a ajudá-lo em troca de seu amor. Arrogantemente, Cú Chulainn recusou, dizendo que não precisava da ajuda de nenhuma mulher em uma batalha.
Então Morrigan se enfureceu: "Se você não quer o meu amor e ajuda então você terá meu ódio e inimizade. Quando você estiver em combate com um inimigo tão bom como a ti mesmo, irei contra você em várias formas e impedi-lo-ei, até que seu oponente tenha a vantagem.”.
O herói desembainhou a espada para atacar a mulher, mas assim que iria ameaçá-la, viu um corvo sentado no galho de uma árvore. O corvo era o pássaro totem da deusa e Cú Chulainn finalmente percebeu que ele havia rejeitado a ajuda da Morrigan, a temível.
No dia seguinte, Cú Chulainn desafiou um grande guerreiro chamado Loch. Este zombou de Cú Chulainn e se recusou a lutar. Mas, o herói o provocou e o combate iniciou-se e a deusa iria interferir. Morrigan veio contra ele três vezes. A primeira foi na forma de uma novilha vermelha que tentou bater-lhe; a segunda foi na forma de uma enguia, que se envolveu em suas pernas enquanto ele estava na água, e; pela terceira vez, ela veio de encontro a ele como um lobo cinzento que agarrou o braço da espada.
Apesar das vantagens ganhas pelo seu adversário, Cú Chulainn conseguiu acertar a deusa: quebrou a perna da novilha, pisoteou a enguia e espetou um olho do lobo. Apesar das desvantagens em relação à Loch, Cú Chulainn conseguiu, finalmente, matá-lo como sua lança mágica.
Depois que o confronto terminou, Morrigan apareceu-lhe novamente, mas desta vez, sob a forma de uma velha que ordenhava uma vaca de três tetas. Cú Chulainn pediu-lhe um copo de leite, então, ela deu-lhe a bebida da primeira teta, mas não foi o suficiente para saciar sua sede; deu-lhe então mais leite, só que da segunda teta, e o efeito ainda fora o mesmo; finalmente, a partir da terceira teta da vaca, a bebida pôde saciar a sede do herói. Grato, ele perguntou como poderia recompensá-la, e ela pediu para que a curasse dos ferimentos que ele a tinha causado enquanto estava sob os disfarces - apenas Cú Chulainn podia curar as feridas, e gentilmente o fez.
Morrigan apareceu para ele mais outras vezes, e por último em sua morte na Batalha de Muirthemn, como um corvo que pousou em seu ombro.
Quando Lug (Lugh) pergunta para Morrigan qual seria a sua contribuição para derrotar os exércitos dos Fomorianos (dentro da segunda grande batalha de Mag-Tured) ela responde:
"Não te preocupes: tudo o que eu quiser alcançarei, graças ao poder dos meus feitiços. A minha arte aterrorizará de tal modo os Fomore que a planta dos seus pés ficará branca, e os seus maiores campeões terão uns a seguir aos outros devido à retenção da urina. Quanto aos outros guerreiros, fá-los-ei ter tanta sede que ficarão enfraquecidos, e farei com que todas as fontes fujam deles de modo a não poderem matar a sede. E enfeitiçarei as árvores, as pedras e as elevações de terra de tal modo que, confundindo-as com contingentes de homens armados, os inimigos nelas se perderão cheios de terror e de pânico".