Mula Sem-Cabeça
Mitologia

Mula Sem-Cabeça


#ADM Sleipnir




A lenda da Mula Sem-Cabeça é, certamente, uma das lendas brasileiras mais famosas. Acredita-se que ela tenha origem européia, mais precisamente em Portugal nos tempos medievais (pressupõem-se que este mito tenha nascido no século XII, época em que as mulas serviam de transporte para os padres), e que tenha sido difundida no Brasil no século XVI ou posteriormente. Alguns mitos similares como a Muladona e a Almamula, são correntes em territórios hispânicos. No Brasil, a lenda disseminou-se por toda a região canavieira do Nordeste e em todo o interior do Sudeste. A Mula-sem-cabeça, representa uma espécie de lobisomem feminino, que assombra povoados onde existam casas rodeando uma igreja.

Aparência

A aparência da criatura varia muito de região para região. A cor mais comumente atribuída a ela  é a roxa, as vezes preta com uma cruz branca pendurada no peito. Ela possui também uma ferradura de prata (ou ferro), que produz um trote sinistro, mais alto do que qualquer cavalo comum é capaz de produzir. Apesar de ser decapitada, a Mula ainda é capaz de relinchar ( geralmente muito alto) e as vezes geme como uma mulher chorando. É dito também possuir um freio ligado à sua não existente boca e também que ela expele chamas de suas narinas igualmente não existentes ( a maioria das versões afirma que o fogo é expelido diretamente do pescoço cortado).



A Maldição

Segundo esta lenda, toda a mulher que mantivesse estreitas ligações amorosas com um padre, em castigo ao seu pecado (aos costumes e princípios da Igreja Católica), tornar-se-ia uma Mula Sem-Cabeça  Esta história tem cunho moral religioso, ou seja, é uma repreensão sutil ao envolvimento amoroso com sacerdotes e também com compadres. Os compadres, eram tidos como pessoas da família, e qualquer tipo de relação mantida entre eles, era considerada incestuosa. 



A metamorfose ocorreria na noite de quinta para sexta-feira, quando a mulher, em corpo de Mula Sem-Cabeça  corre veloz e desenfreadamente até o terceiro cantar do galo, quando, encontrando-se exaurida e, algumas vezes ferida, retorna a sua normalidade. Homens ou animais que ficarem em seu trajeto seriam despedaçados pelas violentas patas. Ao visualizar a Mula-sem-cabeça, deve-se deitar de bruços no chão e esconder unhas, dentes e qualquer coisa que brilhe, para não ser atacado, ou então deve-se ser corajoso o suficiente para tentar tirar as suas rédeas.



Dizem que espetar um alfinete nela ou amarrá-la a uma cruz acaba com a maldição. No primeiro caso, a transformação será impedida, enquanto o benfeitor está vivo e mora na mesma paróquia em que seu feito foi realizado. No segundo caso, a mulher ficará em forma humana até que o sol amanhecer, mas vai se transformar novamente na próxima vez. Outros contos afirmam que tirar o freio de ferro que a Mula Sem-Cabeça carrega também termina com a maldição enquanto o benfeitor está vivo. Amarrando as rédeas de volta na boca da mulher voltará com a maldição.

A remoção da praga é um grande alívio para a mulher, porque a maldição inclui muitas provações, então a mulher agradecida normalmente irá arrepender-se os seus pecados e se casar com o benfeitor. Em qualquer caso, quando a mula muda de volta para a forma humana da mulher amaldiçoada será completamente nua, suada e com cheiro de enxofre.

A maldição da Mula Sem-Cabeça não pode ser transmitida (ao contrário da maldição vampírica), porque ela é adquirida como resultado de um pecado cometido deliberadamente pela mulher amaldiçoada.


O folclore é comemorado no dia 22 de agosto no Brasil.












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