Serafim
Mitologia

Serafim


۞ ADM Demon Girl



Serafins (do hebraico seraph, plural seraphim) são, segundo a Angelologia, anjos de seis asas, e uma categoria de anjos da tradição judaico-cristã. Na tradição judaica estão em um patamar intermediário da hierarquia angélica, enquanto na tradição cristã são considerados os mais elevados de todos os anjos, os que estão mais próximos de Deus. A palavra hebraica Saraf (שרף) significa "queimar" ou "incendiar", talvez uma alusão a tradições bíblicas onde Deus é comparado a um "fogo" ou mesmo a um "fogo consumidor".

Há ainda a tese de que não seriam anjos, uma vez que a palavra hebraica para anjo é "malak" (mensageiro) e da mesma forma no grego, anjo é "angelus" (mensageiro) e estas figuras aladas que aparecem, na Bíblia exaltando a Deus não comunicam mensagens ao profeta que os observa.

A única descrição dos serafins como anjos ocorre no livro de Isaías, capítulo 6:
No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo: "Santo, Santo, Santo é Yahweh dos Exércitos!"; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: "Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, Yahweh dos Exércitos". Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou a minha boca, e disse: "Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado".
Entretanto, a palavra seraphim, relacionada à saraph, "queimar", também é usada para se referir a serpentes venenosas do deserto que picavam os israelitas - provavelmente a víbora-tapete, Echis coloratus, serpente de 30 cm a 60 cm (máximo 80 cm) que vive entre as rochas do deserto e cuja picada é "ardente", não como a naja do deserto, cuja picada, apesar de mais mortal, não provoca essa sensação. O exemplo mais conhecido é o do livro dos Números (capítulo 21):
Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho. E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então Yahweh mandou entre o povo serpentes ardentes (nachashim seraphim), que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel. Por isso o povo veio a Moisés, e disse: "Havemos pecado, porquanto temos falado contra Yahweh e contra ti; ora a Yahweh que tire de nós estas serpentes". Então Moisés orou pelo povo. E disse Yahweh a Moisés: "Faze-te uma serpente ardente (nachash seraph), e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela". E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.
Víbora-Tapete
A figura de uma serpente sobre uma haste era associada à cura e à medicina em várias culturas da Antiguidade. Era a imagem do deus-serpente sumeriano, patrono da medicina e "senhor da boa árvore", possivelmente relacionada à Árvore da Vida do Jardim do Éden. Uma serpente em torno de um bastão também representava Asclépio, o deus grego da medicina em cujos templos eram criadas serpentes sagradas. Em tempos modernos, uma serpente em torno de uma haste ou cálice voltou a ser o símbolo da medicina e da farmacêutica. Parece lógico que os serafins tenham sido originalmente imaginados como agentes dos deuses em forma de serpente, com poderes relativos à cura de doenças.

Bastão de Asclépio
Na tradição católica, os serafins louvam continuamente a Deus, de cujo trono são os anjos mais próximos. Cantam a "música das esferas" e assim regulam o movimento dos céus. Eternamente ardendo em amor a Deus, seu brilho é insuportável até para os demais anjos.

O Pseudo-Dionísio, em sua Hierarquia Celestial, fixou a natureza ígnea dos serafins na imaginação medieval. Descreve os serafins como ocupados em manter a divindade em perfeita ordem, além de cantar o Trisagion ("Santo, Santo, Santo!" ou, em hebraico, "Kadosh, Kadosh, Kadosh!"). Com base na tradição rabínica, interpretou seu nome como "aqueles que queimam ou aquecem":

O nome serafim indica claramente sua revolução incessante e eterna em torno dos princípios divinos, seu calor e entusiasmo, a exuberância de sua atividade intensa, perpétua, incansável, e sua assimilação elevada e energética dos que lhe são inferiores, acendendo-os e queimando-os com seu próprio calor, e purificando-os completamente com uma chama que tudo queima e consome; e por seu inocultável, inextinguível, invariável, brilhante e iluminante poder, dispersa e destrói as sombras da escuridão.



Tomás de Aquino, na Suma Teológica, oferece sua descrição da natureza dos serafins:
O nome "serafim" não vem só da caridade, mas do excesso de caridade, expresso pela palavra "fogo" ou "ardor". Daqui Dionísio expõe a relação do nome "serafim" com as propriedades do fogo, contendo um excesso do calor. Ora, no fogo podemos considerar três coisas: 
Em primeiro lugar, o movimento que é ascendente e contínuo. Isto significa que estão voltados inflexivelmente para Deus. 
Em segundo lugar, a força ativa que é o "calor", que não é simplesmente encontrado no fogo, mas existe nele com alguma veemência, com ação mais penetrante, alcançando mesmo às menores coisas com fervor superabundante; por meio do qual se representa a ação destes anjos, exercitada poderosamente sobre os que estão sujeitos a eles, estimulando-os a um fervor semelhante e purificando-os completamente com seu calor. 
Em terceiro lugar, consideramos no fogo a qualidade da claridade, ou brilho; o que significa que estes anjos têm em si mesmos uma luz inextinguível e iluminam perfeitamente os demais.
Segundo uma tradição cristã, Satanás ao Satã, o líder dos anjos caídos, foi o mais elevado dos anjos de Deus, o que por definição teria sido um serafim. No entanto, a própria bíblia afirma que Satã era o “querubim ungido”, comprovando que seria totalmente impossível a traição divina partir de um dos serafins, pois estes seres que ardem em grande caridade e que permanecem mergulhados em uma adoração cega e constante, são logicamente incompatíveis com o pecado mortal. Somente um dos querubins poderia ter sido o responsável pela “Queda”, pois estes são os anjos mais identificados com o conhecimento universal e a sabedoria divina, sendo portanto os mais propensos ao pecado do orgulho.








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