Mitologia
Serket
۞ ADM Sleipnir
Serket (Serqet, Selqet, Selket, Selkit, Selkis) é a deusa da cura de picadas venenosas e mordidas na mitologia egípcia, originalmente uma deificação do escorpião. É uma das deusas mais antigas no Egito, tendo sido associada com o pré-dinástico Escorpião Rei. Seu nome é uma abreviação da expressão Serket-Hetyt, que significa "aquela que faz a garganta respirar" ou "a que facilita a respiração na garganta", uma clara alusão ao fato de que a picada de um escorpião causa asfixia.
Características
Serket foi muitas vezes representada como uma mulher com um escorpião na cabeça, e, ocasionalmente, como um escorpião com a cabeça de uma mulher ou uma serpente, mas essas representações eram raras. Ela às vezes era mostrada usando o cocar de Hathor - um disco solar com chifres de vaca - mas isso foi após Ísis começar a ser representada usando o mesmo (Serket estava intimamente ligada com Ísis e sua irmã gêmea Néftis). Na XXI dinastia foi representada como uma mulher com cabeça de leoa, tendo a nuca protegida por um crocodilo. No entanto, a imagem mais famosa de Serket é a figura dourada, que forma uma das quatro deusas que protegiam Tutankhamon quando seu túmulo foi encontrado.
Atributos
Serket detinha o poder sobre todas as cobras, répteis e animais peçonhentos, e como uma deusa protetora, ela era invocada pelo povo para protegê-los das mordidas de cobras e picadas de escorpiões e também para curá-los, caso fossem inoculados. Serket também possuía um caráter punidor, e castigava os iníquos com o veneno de um escorpião ou cobra, causando-lhes falta de ar e morte.
De acordo com um mito, é ela quem ajuda a proteger a Isis e seu filho Hórus, quando eles estão se escondendo de Seth nos pântanos do delta. Ela está associada com os sete escorpiões que agem como um guarda-costas para a mãe e a criança e às vezes é dita ser a deusa que convence Rá a parar a barca solar e ajudar Hórus quando o mesmo foi envenenado por uma cobra mágica enviada por Seth. Por causa desta história, conta-se que ela oferece proteção especial para crianças e mulheres grávidas.
Serket também era uma das divindades que defendiam a barca de Rá dos ataques da serpente-demônio Apep. Durante sua passagem pelo submundo, Serket auxiliava no processo de renascimento dos recém-falecidos, soprando-lhes o fôlego da vida Ela recebeu o título de "Senhora da Bela Mansão", sendo esta mansão a estrutura onde se realizava o processo de embalsamento. Juntamente com Qebehsenuef, um dos 4 filhos de Hórus, Serket protegia o canopo que guardava os intestinos dos mortos.
Relações
As relações familiares de Serket são controversas. Acreditava-se que Serket fosse mãe ou filha do deus sol Rá, e sua ira era considerada como o sol ardente do meio-dia. Foi provavelmente por causa de sua estreita ligação com Ísis e sua irmã gêmea Néftis que em Djeba (UTEs-Hor, Behde, Edfu), ela foi considerada esposa de Hórus e mãe de Horakhty (Hórus do Horizonte).
Os Textos das Pirâmides afirmam que Serket era mãe (ou esposa) do deus serpente Nehebkau, cuja função era proteger a realeza e que vivia no mundo dos mortos. Devido a esta associação, Serket era vista como guardiã de uma das quatro portas do mundo subterrâneo, prendendo os mortos com correntes.
Muitas vezes ela aparecia com a antiga deusa guerreira Neith. No templo mortuário de Hatshepsut, Neith e Serket estão presentes quando Amen impregna a mãe de Hatshepsut, Mutemwia. Em outro conto, as duas deusas garantem que Amen e sua esposa possam desfrutar de algum tempo juntos em paz, e por isso ela também foi considerada uma deusa do casamento.
Culto
Originalmente, Serket era adorada no Delta do Nilo, mas o seu culto se espalhou por todo o Egito, com centros de culto em Djeba e Per-Serqet (Pselkis, el Dakka). O Egito era uma terra de cobras e escorpiões, por isso era natural que a adoração desta deusa fosse propagada através do Egito. Os sacerdotes de Serket eram geralmente médicos e mágicos (no antigo Egito, a medicina era uma mistura de folclore, magia e ciência) que se dedicavam a curar picadas de criaturas venenosas. A própria deusa era invocada pelas pessoas para prevenir e curar tais males. Embora tivesse um sacerdócio, até hoje não foram encontrados templos associados à deusa.
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