A Edda Poética: Parte IV - Grímnismál
Mitologia

A Edda Poética: Parte IV - Grímnismál


۞ ADM Sleipnir

Tradução e Notas de Márcio Alessandro Moreira.



O Grímnismál ("Os Dizeres de Grímnir") é um dos poemas mitológicos da Edda Poética, que foi preservada no Codex Regius e no fragmento AM 748 I 4to. Esse poema mostra a sabedoria de Frigg em enganar Óðinn. O poema é rico em descrever a morada dos Deuses.

Grímnismál


O rei Hrauðungr tinha dois filhos. Um era chamado Agnarr e o outro Geirröðr. Agnarr estava com dez anos de idade e Geirröðr oito. Os dois foram pra fora e remaram em um barco com equipamento para pegar peixes pequenos. O vento soprou os para o oceano. Na escuridão da noite eles encontraram a terra, andaram, e encontraram uma fazenda. Ali eles passaram o inverno. A mulher criou Agnarr e o homem criou Geirröðr e lhe deu conselho*. Na primavera o homem conseguiu um navio para eles. Quando os fazendeiros os levaram até a costa, o homem falou sozinho com Geirröðr. Eles pegaram um vento favorável e chegaram ao porto de seu pai. Geirröðr foi até proa do navio. Ele saltou à praia e empurrou o navio de volta dizendo: "Vá agora, onde um espírito maligno possa te ter." O barco foi levado embora pela correnteza, mas Geirröðr foi até cidade. Ele foi bem recebido, mas seu pai tinha morrido. Então Geirröðr se tornou rei e virou um homem bastante famoso.

Óðinn e Frigg se sentaram no Hliðskjálf para olharem em todos os mundos. Óðinn falou: "Tu vê Agnarr, teu filho adotivo, como ele gera crianças com uma Gýgr** em uma caverna, enquanto Geirröðr, meu filho adotivo, se senta como rei da terra?Frigg disse: "Ele parece ser tão miserável com a comida, que ele atormentava os seus convidados se ele achar que muitos virão." Óðinn disse que isso era uma grande mentira. Eles fizeram uma aposta sobre esta questão. Frigg enviou sua atendente, Fulla, até Geirröðr. Ela ordenou ao rei se prevenir, para que nenhum feiticeiro não o encante, quando ali estivesse chegado em sua terra, e disse que seria reconhecido porque nenhum cão seria suficientemente selvagem para ataca-lo. Era uma grande falsidade que Geirröðr não era generoso com sua comida, e não obstante, ele tinha amarrado o homem quem os cachorros não atacaram. Ele usava um manto azul e se chamava Grímnir e não disse nada mais sobre si mesmo, embora ele fosse questionado. O rei o torturou para fazê-lo falar e o colocou entre duas fogueiras, e ele ficou ali por oito noites.

O rei Geirröðr tinha um filho que estava com dez anos de idade, e que se chamava Agnarr depois de seu irmão. Agnarr foi até Grímnir e lhe deu um chifre cheio de bebida e disse que se pai fazia mal a ele, que ele era torturado inocentemente. Grímnir bebeu. Então o fogo estava chegando, e queimou o manto de Grímnir. Ele disse:

01-"Está quente, Fogo,
e bastante alto;
eu ti conduzo para longe, Fogo!
O manto queimou,
embora eu tivesse levantado isso para o alto;
o manto queimou antes."

02-"Oito noites eu sentei
aqui entre as fogueiras,
nenhum homem
me deu comida,
exceto apenas Agnarr,
o filho de Geirröðr,
que sozinho governará
a terra dos Godos."

03-"Salve, Agnarr,
enquanto Veratýr* o chama
para te saudar;
por essa única bebida
tu nunca conseguirá
melhor pagamento."

04-"Sagrada é a terra
que eu vejo estendida
perto dos Æsir e dos Álfar*;
em Þrúðheimr
Þórr habitará até
a ruína dos Regin*."

05-"Ýdalir se chama
onde Ullr tem
um salão construído;
os Tívar*, no início dos tempos, deram
Álfheimr para Freyr,
como dádiva do dente*."

06-"A habitação que se encontra em terceiro,
pelos alegres Regin,
com salão de tetos de prata;
é chamado Valaskjálf,
e foi fundado
pelo Áss* no inicio dos tempos."

07-"Sökkvabekkr é chamado o quarto,
onde passam frescas
ondas rugindo;
ali Óðinn e Sága*
bebem todos os dias,
alegremente, em recipientes dourados."

08-"Glaðsheimr é chamado o quinto,
onde o brilho do ouro
do vasto Valhöll se encontra;
e lá Hroptr* escolhe
todos os dias
os homens que morrem pelas armas."

09-"Muito é reconhecido
por aqueles que chegam a Óðinn,
ao ver o salão:
com lanças o teto é sustentado,
com escudos o salão é coberto,
cotas de malhas estão espalhadas pelos bancos."

10-"Muito é reconhecido
por aqueles que chegam a Óðinn,
ao ver o salão:
um lobo fica atento
perante a porta oeste
e uma águia paira acima."

11-"Þrymheimr* é chamado o sexto,
onde habitava
o terrível Jötunn Þjazi;
agora Skaði,
a brilhante noiva dos Deuses,
vive no antigo lar de seu pai."

12-"Breiðablik é o sétimo,
onde Baldr tinha
edificado um salão para ele,
e nessa terra,
que eu sei, poucos
males existem."

13-"Himinbjörg é o oitavo,
onde Heimdallr,
dizem, governa o templo;
ali o guardião dos Deuses
bebe no tranquilo salão,
feliz, o bom hidromel."

14-"Fólkvangr é o nono,
onde Freyja nomeia
assentos em seu salão;
metade dos mortos
ela escolhe todos os dias
e Óðinn tem a outra metade."

15-"Glitnir é o décimo,
ele tem pilares de ouro
e o telhado é coberto com prata;
onde Forseti
habita a maior parte do dia
e aquieta todas as brigas."

16-"Nóatún é o décimo primeiro,
onde Njörðr tinha
edificado um salão para ele;
o governante dos homens,
sem crime
preside o edificado altar."

17-"A mata e
a grama cresce em
Víði, a terra de Víðarr;
onde o filho deixará
as costas de seu cavalo
valentemente para vingar o pai."

18-"Andhrímnir
faz no Eldhrímnir*
Sæhrímnir cozido,
a melhor carne;
e isso poucos sabem,
do que os Einherjar se alimentam."

19-"Geri e Freki*
alimenta, o acostumado à batalha,
o famoso Herjaföðr*;
mas apenas com vinho
o glorioso em armas,
Óðinn vive eternamente."

20-"Huginn e Muninn
voam todo dia
acima de Jörmungrundr*;
eu temo por Huginn
que ele possa não voltar,
embora eu tema mais por Muninn."

21-"Þund ruge,
nas ondas de Þjóðvitnir
o peixe nada;
a corrente
parece excessiva
para a multidão de mortos* atravessarem."

22-"Valgrindr* se chama,
onde fica o campo
sagrado na frente da porta sagrada;
antigo é esse portão,
nisso poucos sabem
como isso está fechado com fechadura."

23-"Quinhentas portas
e mais quarenta,
assim eu creio que existe no Valhöll;
oitocentos Einherjar
saem de uma vez por cada porta,
quando eles forem combater o lobo*."

24-"Quinhentos quartos
e mais quarenta,
assim eu creio que tem as curvas de Bilskírnir;
destas casas
que eu sei que possuem tetos,
eu sei que a do meu filho é a maior*."

25-"Heiðrún se chama a cabra,
que fica no salão
e morde os ramos de Læraðr*;
encher um caldeirão
ela deve com brilhante hidromel,
a bebida que não pode diminuir."

26-"Eikþyrnir se chama o veado,
que fica no salão
e morde os ramos de Læraðr;
de seus chifres
caem gotas no Hvergelmir,
de lá surge todos os rios."

27-"Síð e Víð,
Sækin e Eikin,
Svöl e Gunnþró,
Fjörm e Fimbulþul,
Rín e Rennandi,
Gipul e Göpul,
Gömul e Geirvimul,
os que correm para o lar dos Deuses,
Þyn e Vín,
Þöll e Höll,
Gráð e Gunnþorin."

28-"Vína é chamado o primeiro,
o segundo Vegsvinn,
o terceiro Þjóðnuma,
Nyt e Nöt,
Nönn e Hrönn,
Slíð e Hríð,
Sylgr e Ylgr,
Víð e Ván,
Vönd e Strönd,
Gjöll e Leiptr
esses correm próximo aos homens,
e correm dali para Hel."

29-"Körmt e Örmt,
e os dois Kerlaugar,
esses Þórr deve atravessar
todos os dias,
quando ele viaja para julgar
no freixo Yggdrasill,
para que Ásbrú*
queime toda em fogo,
as sagradas águas fervem."

30-"Glaðr e Gyllir,
Glær e Skeiðbrimir,
Silfrintoppr e Sinir,
Gísl e Falhófnir,
Gulltoppr e Léttfeti,
esses cavalos os Æsir cavalgam
todos os dias,
quando viajam para julgar
no freixo Yggdrasill."

31-"Três raízes
se expandem em três caminhos
abaixo do freixo Yggdrasill;
Hel habita abaixo de uma,
outra abaixo dos Hrímþursar,
a terceira nos seres humanos."

32-"Ratatoskr se chama o esquilo,
que correrá
no freixo Yggdrasill;
as palavras da águia
ele deverá carregar de cima
e relatar para Niðhöggr abaixo."

33-"Os veados são quatro,
eles que mordem os ramos
com os pescoços dobrados para trás:
Dáinn e Dvalinn,
Duneyrr e Duraþrór."

34-"Mais cobras se deitam
abaixo do freixo Yggdrasill,
que todos os tolos podem imaginar;
Góinn e Móinn,
eles são filhos de Grafvitnir,
Grábakr e Grafvölluðr,
Ófnir e Sváfnir,
eu creio, que sempre deverão
rasgar os ramos da árvore."

35-"O freixo Yggdrasill
suporta o sofrimento
maior que um homem pode saber:
o veado morde de cima,
seu tronco está apodrecendo,
Niðhöggr rói suas raízes de baixo."

36-"Hrist e Mist
eu desejo, que me tragam o chifre,
Skeggjöld e Skögul,
Hildr e Þrúðr,
Hlökk e Herfjötur,
Göll e Geirahöð,
Randgríðr e Ráðgríðr
e Reginleif;
elas trazem cerveja para os Einherjar."

37-"Árvakr e Alsviðr,
eles devem dali subir para cima
arduamente para puxar a Sol;
abaixo de seus ombros
ocultaram, os alegres Regin,
os Æsir, o Ísarnkol*."

38-"Ele se chama Svalinn,
que fica na frente da Sól,
o escudo, da Deusa brilhante;
as montanhas e mar
eu creio, que queimariam,
se ele cair de lá."

39-"Sköll se chama o lobo,
quem segue o brilhante Deus
até o abrigo no bosque;
mas o segundo, Hati,
ele é filho de Hróðvitnir,
ele seguirá a brilhante noiva do céu."

40-"Da carne de Ymir,
a Jörð* foi criada,
do sangue o mar,
as colinas dos ossos,
as árvores dos cabelos,
e do crânio o céu."

41-"Da sua sobrancelha
os alegres Regin fizeram
Miðgarðr para os filhos dos homens;
de seu cérebro
eles fizeram todas
as furiosas nuvens."

42-"Terá o favor de Ullr
e de todos os Deuses
quem primeiro tocar o fogo;
para os mundos serem abertos
para os filhos dos Æsir,
quando tirarem os caldeirões*."

43-"Os filhos de Ívaldi,
no início dos tempos,
fabricaram o Skíðblaðnir,
o melhor de todos os navios,
para o brilhante Freyr,
o bondoso filho de Njörðr."

44-"O freixo Yggdrasill
é a principal de todas as árvores,
mas Skíðblaðnir dos navios,
Óðinn dos Æsir,
mas Sleipnir dos cavalos,
Bilröst* das pontes,
mas Bragi dos escaldos,
Hábrók dos falcões,
e Garmr dos cães."

45-"Agora eu olho para acima
para os filhos dos Sigtívar,
e com isso despertar-lhes a ajuda necessária;
de todos os Æsir
que chegam
para o banco de Ægir
para o banquete de Ægir."

46-"Eu sou Grímnir,
eu sou Gangleri,
Herjann e Hjálmberi,
Þekkr e Þriði,
Þundr e Uðr,
Helblindi e Hár;"

47-"Saðr e Svipall
e Sanngetall,
Herteitr e Hnikarr,
Bileygr, Báleygr,
Bölverkr, Fjölnir,
Grímr e Grímnir,
Glapsviðr e Fjölsviðr;"

48-"Síðhöttr, Síðskeggr,
Sigföðr, Hnikuðr,
Alföðr, Valföðr,
Atríðr e Farmatýr;
apenas um nome
nunca fui chamado,
desde que eu viajei entre o povo*."

49-"Grímni me chamava
na casa de Geirröðr,
e Jálk em Ásmundr,
e então Kjalar,
quando eu puxei o trenó;
Þrór na Þing*,
Viðurr nas batalhas,
Óski e Ómi,
Jafnhár e Biflindi,
Göndlir e Hárbarðr entre os Deuses;"

50-"Sviðurr e Sviðrir
eu fui chamado por Sökkmímir,
e eu enganei esse velho Jötunn,
quando eu me tornei,
do famoso filho de Miðvitnir,
o único matador."

51-"Tu está bêbado, Geirröðr,
tu bebeu demais;
muito lhe será privado,
quando tu perder a minha ajuda,
de todos os Einherjar
e o favor de Óðinn."

52-"Eu te disse muito,
e tu pouco se lembrou;
teus amigos te enganaram;
a espada estendida
do meu amigo eu vejo,
toda borrifada com sangue."

53-"O morto ceifado pela espada
logo Yggr terá;
eu creio que sua vida está acabada;
as Dísir estão furiosas,
agora tu serás capaz de ver Óðinn,
venha até mim se tu puderes."

54-"Óðinn eu sou chamado agora,
Yggr eu fui chamado antes,
eu fui chamado Þundr antes disso,
Vakr e Skilfingr,
Váfuðr e Hroptatýr,
Gautr e Jálkr entre os Deuses,
Ófnir e Sváfnir,
quais eu creio, originaram
todos de mim apenas".


O rei Geirröðr estava sentado e tinha a espada sobre os joelhos, e estava desembainhada até a metade. Quando ele ouviu que Óðinn tinha chegado ali, ele se levantou e desejou tirar Óðinn do fogo. A espada caiu de sua mão, com o cabo para baixo. O rei bateu os pés e cambaleio para frente, a espada que estava ali passou através dele e foi sua morte. Óðinn então desapareceu. Mas Agnarr foi rei dali por muito tempo.

Notas do Grímnismál:





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