Enki
Mitologia

Enki


۞ ADM Sleipnir


Arte de Yannick Dubeau
Enki (ou Ea, para os acadianos)  é o deus das águas doces, da sabedoria e da criação na mitologia suméria. É um dos três deuses mais poderosos do panteão, juntamente com Anu e Enlil. A tradução comum de seu nome é "Senhor da Terra". O seu culto estava centrado na cidade de Eridu. Enki reside no oceano debaixo da terra chamado Abzu, que era um lugar importante na geografia cósmica mesopotâmica. Por exemplo, a cidade de Babilônia foi dita ter sido construída sobre Abzu.

Textos sumérios sobre Enki muitas vezes incluem retratos abertamente sexuais sobre sua virilidade. Em particular, há uma ligação metafórica entre as propriedades vivificantes do sêmen do deus e a natureza animadora da água fresca do Abzu, porém  muitos dos detalhes mais explícitos foram suprimidos em traduções modernas.

Genealogia

Enki era filho de Anu/An e Nammu. Ele nasceu juntamente com sua irmã/consorte Ereshkigal, quando as lágrimas de Anu caíram sobre as águas salgadas da deusa primordial Nammu. Além de Ereshkigal,  Damkina (ou Ninki) também costuma ser relacionada como consorte de Enkie dentre os filhos que teve com ele, se destaca o deus Marduk, que posteriormente se tornaria o rei dos deuses. Enki também teve relações e filhos com outras deusas, sendo pai da deusa Ninkurra (com sua filha Ninmu), e a deusa Uttu (com sua neta Ninkurra).



Iconografia

Enki é retratado na artes como um deus barbudo usando vestes longas e um chapéu cheio de chifres. De seus ombros jorram duas correntes de água, que representam os rios Tigre e Eufrates.Os símbolos de Enki incluem uma cabra e um peixe. Estes foram combinados posteriormente em um único animal, o Capricórnio, que se tornou um dos signos do zodíaco. Na astronomia suméria, Enki representava o planeta Mercúrio, conhecido por sua capacidade de mudar rapidamente, e sua proximidade com o sol.

Outro símbolo de Enki era a serpente, devido a sua participação na criação de Adamu entrelaçando as duas essências, dos deuses e dos homens, por este motivo há quem defenda que Enki seria também a serpente do Éden por um ato deliberado cometido contra uma de suas próprias criações onde nasce Adapa. Segundo os sumérios, é a partir de Adapa e não de Adamu que nasceram K-in e Aba-el (os bíblicos Caim e Abel) que eram irmãos gêmeos.

Mitos

Enki e Ninhursag

Enki e Ninhursag tiveram uma filha chamada Ninsar. Após Ninhursag abandoná-lo, Enki teve relações sexuais com Ninsar, que veio dar à luz a Ninkurra. Mais tarde, Enki também teve relações sexuais com Ninkurra, e esta deu à luz a Uttu. Enki então tentou de todas as formas seduzir Uttu. A jovem deusa consultou Ninhursag, que, furiosa com a natureza promíscua de seu ex-esposo, aconselhou-a a evitar as margens do rio e, assim, escapar de suas investidas.



Em outra versão da história, Enki consegue seduzir Uttu e ter relações sexuais com ela. Ninhursag retira o sêmen de Enki do ventre de Uttu e o derrama sobre a terra, onde sete plantas germinam rapidamente. Enki encontra as plantas e imediatamente começa a consumir os seus frutos. Assim, consumindo sua própria essência fértil, ele engravida e adoece com inchaços em sua mandíbula, dentes, boca, garganta, em seus braços, pernas e também em suas costelas. Os deuses não sabem o que fazer a respeito, já que Enki não tinha um ventre com o qual poderia dar à luz, então resolver recorrer a Ninhursag.


Apesar de ainda aborrecida com seu ex-marido, Ninhursag volta atrás e concorda em desfazer a maldição, criando oito divindades para curar cada uma das oito enfermidades que ela o causara.

A confusão das línguas

No épico sumério "Enmerkar e o Senhor de Arata", um encantamento é pronunciado com uma introdução mítica indicando que Enki era o responsável por espalhar as línguas pelo mundo: 
"Era uma vez, não havia cobras, não havia escorpiões
Não havia hienas, não havia leões,
Não havia cães selvagens, não havia lobos,
Não havia medo nem terror,
O homem não tinha rival.
Era uma vez as terras Shubur e Hamazi,
A Suméria de língua harmoniosa, a grande terra das divinas leis dos principados,
Uri, a grande terra que tem tudo o que é próprio,
A terra Martu, que descansa em segurança,
O universo inteiro, o povo em uníssono,
A Enlil numa língua fizeram preces.
Mas então o senhor-pai, o príncipe-pai, o rei-pai,
Enki, o senhor da abundância, cujas ordens eram confiantes
Senhor da Sabedoria que vigia a terra,
Senhor dos deuses,
Senhor de Eridu, dotado de sabedoria
Nas suas bocas trocou as palavras, instalou a discórdia,
Na fala do homem que havia sido única."
Salvador da Humanidade

De acordo com a Tábua IX da Epopéia de Gilgamesh, Enki foi o deus que informou à Utnapishtim sobre a inundação que extinguiria a raça humana. Ao fazer isso, Enki provocou a ira de Enlil e os outros deuses, a fim de salvar a humanidade do dilúvio projetado pelos deuses para matá-los. Na lenda de Atrahasis - mais tarde adaptada em um trecho da Epopéia de Gilgamesh - Enlil se propõe a eliminar a humanidade, cuja superpopulação e o ruído resultante do seu acasalamento o incomodavam bastante. Enlil envia seca, fome e pestes sucessivamente para acabar com a humanidade, no entanto, Enki frustra os planos de seu irmão ensinando à Atrahasis os segredos da irrigação, celeiros e medicina. Enfurecido, Enlil convoca um concílio dos deuses e os faz prometerem não contar a humanidade que ele planejava sua aniquilação total. Enki não conta a Atrahasis diretamente, mas fala sobre plano de Enlil para as paredes da cabana de Atrahasis, através da qual naturalmente Atrahasis foi capaz de ouvir. Assim, ele secretamente salvou Atrahasis (Utnapishtim na Epopéia de Gilgamesh)  instruindo-o sobre como construir um barco para abrigar sua família e os animais.

Enlil fica furioso por seu plano ser frustrado mais uma vez, e aponta Enki como o culpado. Enki argumenta que Enlil foi injusto ao punir Atrahasis, inocente pelos pecados de seus companheiros, e faz Enlil prometer que os deuses não vão eliminar a humanidade se praticarem o controle da natalidade e viverem em harmonia com o mundo natural.



Enki e Inanna

Em um conto, Inanna visita Enki, o deus da sabedoria, e ganha dele o me, os poderes sagrados das leis que ele usou para estabelecer a ordem no mundo. Inanna havia ido a Eridu visitar Enki. Quando Inanna entrou no templo sagrado, Enki a recebeu com bolos, água fria para “refrescar o seu coração" e cerveja, e eles beberam juntos, à mesa do Céu.

Enki e Inanna brindaram e Enki, tendo exagerado na bebida, ofereceu a Inanna seu me. Quatorze vezes ele ergueu a taça e ritualmente ofereceu a Inanna quase cem de seus poderes, incluindo o alto-sacerdócio, o trono, a arte do amor, o domínio do poder e da verdade, a cessão dos julgamentos e a capacidade de descer ao Mundo Subterrâneo e ressurgir na Terra. A todos Inanna respondeu: “Aceito!" Em seguida, a bordo da Barca do Céu, navegou com o me rumo á sua cidade, Uruk.

Ouando os efeitos da cerveja se dissiparam, Enki pediu ao servo Isimud para trazer o me, mas Isimud disse: “O senhor o deu a Inanna.” Então, Enki enviou Isimud atrás de Inanna para trazer os poderes de volta, e quando Inanna se recusou a devolvê-los, ele enviou seis demônios terríveis para persegui-la. Inanna chamou sua serva Ninshubur para ajudá-la. Ninshubur cortou o ar com a mão e mandou os demônios de volta para Eridu. Com a ajuda da serva, Inanna conduziu a Barca do Céu até Uruk, onde houve festejos nas ruas quando Inanna colocou o me em seu templo sagrado. Enki percebe que foi enganado em sua arrogância e aceita um tratado de paz com Uruk.

Posteriormente, Inanna sai em uma viagem ao submundo para consolar sua irmã Ereshkigal, que está de luto pela morte de seu marido Gugalana, que havia sido morto pelos heróis Gilgamesh e Enkidu. No caso dela não voltar em três dias, ela pede a sua serva Ninshubur para obter ajuda ou de seu pai Anu, de Enlil ou de Enki. Como os três dias se passaram e Inanna não retornou, Ninshubur procura Anu, que apenas lhe diz que sua filha é forte e pode cuidar de si mesma. Já Enlil lhe disse estar ocupado demais para fazer algo pela deusa. Entretanto, Enki expressou preocupação com Inanna, e imediatamente envia seus demônios, Galaturra ou Kurgarra para resgatarem a jovem deusa.

Na história Inanna e Shukaletuda, Shukaletuda, o jardineiro enviado por Enki para cuidar da tamareira que havia criado, encontra Inanna dormindo debaixo da tamareira e acaba violentando-a enquanto dormia. Ao acordar, Inanna descobre que foi violada e busca punir o meliante. Shukaletuda busca a proteção de Enki. Ele aconselha Shukaletuda se esconder na cidade, onde Inana não será capaz de encontrá-lo. Eventualmente, depois de arrefecer sua raiva, Inanna também procura a ajuda de Enki, como porta-voz da assembléia dos deuses. Depois que ela apresenta seu caso, Enki vê que a justiça precisava ser feita e promete ajudar, entregando-lhe o conhecimento de onde Shukaletuda está se escondendo para que ela possa se ​​vingar .

O Roubo das Tábuas do Destino

O incompleto poema sumério "Ninurta e a tartaruga" conta como Enki criou uma tartaruga a partir da argila do Abzu para ajudá-lo a recuperar a Tábua do Destino, que controla o futuro da humanidade. A tabuleta havia sido roubada por um demônio-pássaro chamado Anzu, que acabou sendo derrotado pelo herói Ninurta. No entanto, Ninurta decidiu ficar com a tabuleta para si, em vez de devolvê-lo a Enki. Enki, sempre astuto, frustrou as ambições de Ninurta, criando uma tartaruga que agarrou Ninurta pelo calcanhar, cavou um buraco com suas garras e arrastou o herói ambicioso para dentro ele. Embora a história seja incompleta, provavelmente a tabuleta foi devolvida a Enki, e Ninurta aprendeu uma lição valiosa sobre a natureza corruptora do poder.







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