Mitologia
Centauros
#ADM Berserker
Os centauros (Κένταυροι, Kéntauroi em grego) são seres representados como parcialmente humanos e parcialmente equinos. Desde as mais antigas representações gregas, são pintados com um torso humano unido pela cintura à nuca de um cavalo. Às vezes, têm também as orelhas compridas e pontudas e os narizes chatos característicos dos sátiros.
São vistos muitas vezes como seres animalescos, divididos entre uma natureza humana e outra animal. Outras vezes, também são vistos como encarnação da natureza selvagem, como em sua batalha com os lápitas. Entretanto, alguns centauros, como Quíron, fazem o papel de sábios mestres de heróis.
Às vezes, em tempos recentes, os centauros propriamente ditos, com corpo de cavalo, são chamados de hipocentauros para distingui-los de seres com corpo de asno (onocentauros) ou de boi (bucentauros) citados por bestiários medievais e outros seres centauróides inventados em tempos modernos pela literatura de fantasia.
Centauros da Tessália
Segundo seu mito mais conhecido, os centauros eram um povo primitivo que vivia em cavernas nas montanhas, caçava animais selvagens para comer e usava pedras e galhos de árvore como armas. Teriam nascido do estupro da ninfa Néfele (uma das Néfelas) por Íxion, o ímpio rei dos lápitas, povo que os gregos consideravam como inventores da equitação.
Sua prole foi levada ao Monte Pélion, na Tessália, onde as filhas do deus-centauro Quíron os alimentaram e criaram até a idade adulta. Foram então convidados para o casamento com Hipodâmia de seu meio-irmão Pirítoo, filho de Íxion e novo rei dos lápitas, mas se embebedaram e tentaram raptar a noiva e as convidadas.
Na batalha que se seguiu, os centauros foram trucidados, com ajuda do herói Teseu, mas um herói lápita chamado Ceneu, que era invulnerável a armas, foi massacrado por centauros que lhe jogaram rochas e galhos de árvores. Esse embate, conhecido como centauromaquia, foi frequentemente representado na arte como metáfora para o conflito entre os baixos instintos e o comportamento civilizado.
Um dos sobreviventes do massacre foi o centauro Nesso, que fugiu para a Etólia, às margens do rio Eveno e se estabeleceu como balseiro. Quando Héracles passou com a noiva Dejanira, Nesso a levou no lombo através do rio, mas o desejo o levou a tentar violentá-la. Ela gritou e Héracles o matou com suas flechas envenenadas. Nesso, ao morrer, persuadiu Dejanira a guardar um pouco do seu sangue envenenado e usá-lo para encantar Héracles se um dia ele a abandonasse. A artimanha acabou por levar à morte do herói.
Centauros do Peloponeso
A mitologia fala também de um povo de centauros que vivia no Oeste do Peloponeso. Héracles quando caçava o javali do Erimanto, foi hospedado por um deles, Folo. O herói exigiu vinho, mas o centauro só tinha um odre de vinho sagrado de Dioniso. Ao ser aberto o receptáculo, o aroma da bebida enlouqueceu os demais centauros, que lutaram com o herói para tomar-lhe a bebida. Héracles matou a maioria deles a flechadas.
O grande Quíron, ferido acidentalmente, acabou abrindo mão de sua imortalidade por não suportar as dores e foi transformado na constelação do Sagitário. Também Folo acabou morrendo ao examinar uma das flechas envenenadas e deixá-la cair em seu pé, sendo então transformado na constelação do Centauro.
Um grupo de centauros sobreviveu, porém, refugiando-se no sul da Lacônia ou em Elêusis, onde foram protegidos por Poseidon.
Esses centauros parecem ter sido originalmente distintos daqueles que lutaram contra os lápitas, embora muitos escritores combinem os dois mitos.
Centauros de Chipre
A mitologia também menciona uma tribo de centauros com chifres de touro, nativa da ilha de Chipre. Eram, provavelmente, espíritos da fertilidade (daimones) locais, do cortejo de Afrodite, provavelmente relacionados aos Cerastas, sacerdotes da deusa que usavam chifres de boi.
No mito, os centauros cipriotas haviam nascido de Gaia, a Terra, quando ela foi acidentalmente engravidada por Zeus em sua tentativa fracassada de seduzir Afrodite quando ela acabava de emergir do mar.
Centáurides
Ainda que não apareçam nos mitos mais antigos, as centáurides (centauros fêmeas) são também mencionadas na arte e literatura da Antiguidade. Uma delas aparece em um mosaico macedônico do século IV a.C. e Ovídio conta a história de uma centáuride chamada Hilônome que se suicida quando seu amante Cilaro é morto na guerra contra os lápitas.
Quíron nasceu da união do deus Cronos e da ninfa Filira, que estavam em plena cópula quando surgiu Réia, a esposa de Cronos. Este tomou a forma de um cavalo para se disfarçar e o filho da ninfa nasceu meio homem, meio cavalo.
Sendo filho de um Titã, Quíron era imortal, um deus em forma de centauro e pode ter sido originalmente um deus tessálio da medicina. Seu papel foi, entre outras coisas, de médico. Seu nome relaciona-se com kheir, "mão". Pode ser interpretado como "hábil com as mãos" e relacionado à palavra grega kheirourgos, "cirurgião". Foi também astrólogo, oráculo e mestre de vários heróis, inclusive Héracles, Jasão, Peleu, Asclépio, Aristeu e Aquiles.
Quíron viveu no monte Pélion, na Tessália e casou-se com a ninfa Cáriclo. Teve com ela três filhas, Hipe (também chamada Melanipe or Evipe), Endeis e Ocíroe e um filho, Caristo.
Na luta com os centauros do Peloponeso, uma flecha de Héracles atingiu Quíron e a ferida incurável o fez sofrer mortalmente, embora não pudesse morrer. Por não poder curar a si mesmo, abriu mão de sua imortalidade em favor de Prometeu e foi transformado na constelação do Sagitário.
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