A Edda Poética: Parte XII - Þórsdrápa
Mitologia

A Edda Poética: Parte XII - Þórsdrápa


۞ ADM Sleipnir

Tradução e notas por Márcio Alessandro Moreira.



O Þórsdrápa ("Louvor a Þórr") é um poema escaldico escrito pelo poeta Eilífr Goðrúnarson, que relata a viagem de Þórr em direção a Jötunheimr para se encontrar com o Jötunn ("Gigante") Geirröðr. Este poema é notável pela criatividade e no uso dos complexos Kenningar ("Conhecimentos"). A Edda em Prosa também faz menção a esse poema, na qual aparece com algumas diferenças. O poema Þórsdrápa é datado aproximadamente do fim do século 10 d. c. (entre 990-1000 d. c.). Nada se sabe sobre Eilífr, exceto que ele seria um dos poetas da corte de Hákon Jarl, segundo o Skáldatal.

Þórsdrápa


01-Encorajou* o abatedor da linha
dos deuses que voam das rochas*,
rico era Loptr* em mentir,
o pai da linha do mar*, para deixar o lar;
o tentador da mente* disse que os verdes
caminhos, ao guerreiro do trovão de Gautr*,
aquele que não é fiel*, levariam em direção ao muro
do cavalo* de Geirröðr.

02-O bravo* viajou
com o caminho do urubu*, por poucas vezes
é necessário convidar Þóarr*, eles estavam ansiosos em oprimir
os descendentes de Þorn*;
quando o domador do cinto
de Gandvikr*, mais poderoso que os Skotum**,
novamente tinha ido em direção ao povo de Ymsi*,
da habitação de Iði*, [saindo] de Þriðr**.

03-Pronto estava para viajar*,
antes do perjuro* fardo dos braços da Hapt da mágica**,
com o veloz guerreiro
movedor dos exércitos*, o Rögnir da batalha**;
eu recito o fluxo dos lábios de Grímnir*:
o sedutor das donzelas dos salões* daquela que berra ruidosamente**
passou as solas dos pés* sobre
a charneca de Endill*.

04-E andaram os Vanir da batalha*,
o primordial diminuidor*
das donzelas do inimigo da Fríð do escudo celestial*,
até chegarem ao sangue de Gangr*;
quando o ágil,
veloz em temperamento, poupador das maldades* de Loki,
desejou opor-se a noiva*
dos parentes do bode do junco*.

05-E o diminuidor* da reputação
da Nanna* da saliência do mar**
atravessou a pé o glacial fluxo da correnteza,
que rola ao redor do mar do lince*;
o furioso dispersador* do vilão das rochas da montanha**
conseguiu um rápido progresso sobre
o amplo caminho da estrada do cajado*,
onde a poderosa correnteza jorrava veneno*.

06-Ali eles colocaram
a serpente que é atirada* na rede da floresta**
contra o alto som do vento* [da rede] da floresta**,
os escorregadios ossos redondos não dormiram*;
a ruidosa lima* entrou em conflito contra os seixos,
enquanto o impetuoso rugido que cai da montanha*,
era golpeado pela tempestade de neve,
junto com a bigorna de Feðja*.

07-O patrocinador da pedra da terra*
deixou altas ondas caírem sobre ele,
o homem que usou o cinto* [do poder],
não sabia curso melhor de ação para si;
o diminuidor das crianças* de Mörn**
declarou que seu poder aumentaria*
até o teto da terra*, a menos que o jorro de sangue
da garganta de Þorn* diminuísse.

08-Os gloriosos*, guerreiros sábios na batalha**,
vikings prometidos em juramento* da residência de Gauti**,
nadaram com dificuldade,
enquanto o pântano das espadas* fluía;
a terra da onda de neve*,
soprada pela tempestade,
investiu poderosamente contra
o multiplicador do infortúnio* do habitante do quarto da terra do tergo**.

09-Até Þjálfi, acompanhando
o amigo dos homens*, pular no ar**
na correia do escudo do senhor do céu*,
isso foi uma prova de força*;
as viúvas* do perverso Mímir**
fizeram uma forte correnteza contra o cajado*
do furioso derrubador* dos golfinhos do precipício**,
que avançou com o Gríðarvöllr*.

10-A bolota profunda da hostilidade dos homens*
que fortemente resiste ao mal,
não se esqueceu de bater*
na onda da correnteza* do covil de Glammi**;
o herdeiro da terra* foi presenteado com a mente corajosa
maior que a ameaça do Fjörðr*,
nem Þórr nem Þjálfi
abalaram a poderosa pedra* com terror.

11-Os bandos das montanhas que são inimigos*
do escudo do contínuo fogo abrasador*
fizeram um estrondo na tábua da espada*,
contra os apertadores da Gleipnir*;
adiante os atravessadores das profundezas*,
os destruidores do povo da praia do mar*,
contra os parentes dos Bretar* da caverna
conduziram o jogo da vasilha da risca do cabelo de Héðínn*.

12-O povo* da gelada
rocha do mar da Svíþjóð* inimiga,
fugiram procurando ir para seus santuários*,
seguidos pelo destruidor do povo do cabo*;
os Danir da costela do mar*,
do santuário distante*,
caíram primeiro quando
os agitadores do fogo* da família de Jólnir** resistiram firmemente.

13-Quando os Hersir*, dotados
de mente corajosa foram para
a casa de Þorn*, um estrondo ocorreu
na caverna de muro circular dos Kumrar*;
o destruidor relutante em fazer paz*
da rena do pico de Lista*
foi colocado fixado ali, sobre o cruel,
malicioso chapéu* da esposa de Risar**.

14-Elas forçaram o alto do céu*
da flama da sobrancelha da lua*
contra o caibro do salão da rocha*,
e elas foram esmagadas contra as nozes de pedra da planície*;
o controlador do casco [de navio]*,
do carro flutuante da tempestade*,
quebrou a antiga quilha* do navio do riso**
das duas mulheres das cavernas.

15-O filho de Jörð*
ensinou uma lição incomum*,
mas os homens do covil da terra* da maçã** do Fjörðr
não encerraram sua celebração de cerveja*;
o assustador da corda do olmo*,
parente de Suðri*, com a tenaz atirou um pedaço
cozinhado na forja*,
na boca do ladrão da tristeza de Óðinn*.
16-O opressor* do povo**
das mulheres que viajam ao anoitecer*
abriu a boca dos seus braços*
sob o ardente peso do joio da pinça*.

17-E assim o veloz impetuoso na batalha*,
amigo de muito tempo de Þröng*,
gananciosamente bebeu a bebida de pedaço derretido* levantada
no ar com a veloz boca de suas mãos*;
quando a escória sibilante*
voou do hostil peito do agarro*,
do furioso amante da donzela de Hrímnir*,
em direção a aquele quem fortemente tem saudades de Þrúðr*.

18-O salão de Þrasir* tremeu,
quando a larga cabeça de Heiðrekr*
foi trazida abaixo
da antiga perna do muro* do solo do urso**;
o esplendido padrasto de Ullr*
atirou o nocivo broche*
com grande força no meio do cinto*
do vilão do dente do caminho da linha de pesca*.

19-O furioso* matou os descendentes de Glaumr**
com seu martelo sangrento*;
o assassino* do frequente visitante**
do salão* da Syn de pedra** saiu vitorioso;
aquele que não falta suporte* não embaraçou
o mastro do arco*, Deus do Carro**,
aquele que promove* a tristeza
sobre os guerreiros dos bancos* do Jötunn**.

20-O adorado agressor de Hel*
matou os bezerros das florestas*
do refugio subterrâneo* da brilhante Álfheimr
com o fácil esmagador*, junto com o Álfr**;
os Rúgios* de Lista do covil do falcão**
foram incapazes de causar mal
ao firme suporte* do diminuidor do tempo de vida**
dos homens* de Ella da rocha**.

21-O irmão de Röskva* ficou enfurecido,
o pai de Magni* deu um golpe vitorioso;
nem Þórr nem Þjálfi
abalaram a poderosa pedra* com terror.

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